Em algum lugar de Cinza onde o vento trás consigo poeiras que sujam a alma...
- Como este coitado pode aceitar este tipo de vida miserável, não possui nada, é maltratado e mesmo assim permanece todos os dias nessa vidinha..que será curta é claro.
- Eu não diria que ele é um coitado...- Começou a garotinha. - Ele não possuiu as mesmas oportunidades que nós, e o culpado não é ele, nem seus pais e nem os pais deles talvez...é tudo uma questão de consequência.
- Consequência?
- Talvez, se um viajante não resolvesse parar no lugar menos Cinza daqui e cercá-lo dizendo que todo aquela terra é dele, talvez se o viajante tivesse tentado ensinar bons valores as pessoas que vinha morar em suas terras ao invés de dizer a elas que quem manda é ele, talvez se as pessoas não crescessem com medo umas das outras, se uma mulher não tivesse bebido de mais e saido sozinha na noite um homem rico não teria à estrupado por saber que seu dinheiro o livraria de qualquer pena, se esta mulher tivesse morrido, ela não teria o filho que cresceria com fome e miséria, perdendo a mãe cedo perdeu também quem lhe daria educação, assim teve uma vida pobre onde via pessoas e coisas que jamais poderia ter, e assim seduzido pelos efeitos alusinógicos de químicas que enganam a mente com uma falsa felicidade, ele assim entrou nessa "vidinha" que você vê agora....
Tudo silenciou-se e ouvia-se apenas o som do vendo e dos grãos de poeira batendo nas latas.
- É ele não teve muitas oportunidades, antes mesmo de nascer tudo conspirava contra ele, eu não gosto de chamar de destino, por hora digo que tudo é apenas uma série de consequências de pequenos e grandes atos feitos por pessoas que não ligam para as consequências!
Concluiu a garotinha enquanto fixava seus olhos desprovidos da capacidade de visão no horizonte que se misturava em cinza do céu e cinza das terras.
(retirado do meu livro ainda em andamento "Cinza")
Obrigado a quem leu e até a próxima
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